sábado, 15 de outubro de 2016

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Um dos ingredientes mais prejudiciais da dieta moderna - os óleos vegetais refinados



Por Flávio Passos com colaboração de Pedro Ivo

“A natureza não cria gorduras ruins, as fábricas sim. ” – Dr. Cate Shanahan

Como tudo começou?

Os óleos vegetais refinados eram utilizados em bases para tintas, vernizes e outros produtos. Com o avanço tecnológico passou-se a utilizar derivados petroquímicos por um custo bem mais baixo, e a indústria dos óleos passou então a direcionar sua produção para alimentar animais como porcos e perus e, em seguida direcionou sua produção para os seres humanos. Mas para conseguir êxito, seria preciso antes, difamar os óleos e gorduras tradicionais. E assim foi feito...
Gorduras e óleos fazem parte da dieta humana desde sempre. A confusão sobre este macronutriente precioso para a saúde humana começa por volta da década de 1950, quando a informação (incorreta) de que o consumo de gordura saturada (principalmente de carne e laticínios) aumentava o colesterol e levava à maiores riscos de doenças do coração. A partir de então, algo tão artificial e nocivo como a gordura vegetal hidrogenada, cujas estrutura molecular é similar ao plástico, passou a ser vista como saudável; enquanto que a manteiga, a banha de porco e até mesmo o óleo de coco passaram a ser temidos e evitados como causadores de doenças. Esse mito ganhou tamanha proporção, que mesmo atualmente, muita gente, incluindo profissionais da área de saúde, recomendam óleos vegetais processados, mesmo os hidrogenados, como opção saudável.
Porém, estranhamente os problemas degenerativos e cardíacos apenas aumentaram desde então, mas ainda assim, persiste a concepção de que óleos poli-insaturados refinados são mais saudáveis do que as gorduras saturadas naturais. Atualmente, evidências científicas e estudos diversos apontam o oposto (1, 2, 3). Mas não é fácil desfazer um mito que continua provendo vultosos lucros para a indústria alimentícia.
Alguns Problemas dos óleos vegetais:
1.      Grande quantidade de radicais livres e outros compostos tóxicos: No processo de refinamento, o calor é utilizado em algumas etapas provocando o aparecimento de radicais livres. Radicais livres são responsáveis por processos de envelhecimento e estão relacionados a doenças diversas, inclusive o câncer. Quando o óleo é utilizado em frituras, cozimento ou assados, mais radicais livres são formados, além de outras substâncias nocivas (4, 5). Estas substâncias se vaporizam e quando inaladas podem contribuir para o câncer de pulmão (6, 7).
2.      Ômega 6 (ácido linoleico): Certamente você já ouviu falar em ômega 3 e ômega 6. São chamados de ácidos graxos essenciais e desempenham importantes funções no organismo, relacionadas a inflamações, coagulação sanguínea e imunidade. A questão é que precisamos de ômega 3 e ômega 6 na proporção certa, ambos participam na formação de moléculas denominadas eicosanoides, só que as derivadas do ômega 6 são pró-inflamatórias, e as do ômega 3 são anti-inflamatórias (8, 9). Os óleos de fontes naturais sempre proveram o ser humano com esses ácidos graxos essenciais nas quantidades adequadas, mas de uns tempos para cá, o consumo de ômega 6 passou a ser absurdamente alto e o consumo de ômega 3 diminuiu. Estima-se que a proporção ômega 6: ômega 3 variava de 1:1 até 3:1 em dietas tradicionais e dietas saudáveis, atualmente esta proporção em grande parte da população é de 16:1! (10). Os culpados? Óleos vegetais refinados...
3.      O ácido linoleico se acumula nas células:  Gorduras e óleos não são apenas fonte de energia, desempenham inúmeras funções no organismo. O ácido linoleico, componente principal do ômega 6 se acumula nas membranas lipídicas das células (11, 12), e isso leva à mudança estrutural dos tecidos com preocupantes consequências para a saúde, como veremos nos próximos itens. O gráfico abaixo, feito pelo Dr. Stephan Guyenet, baseado em seis estudos diferentes (13, 14, 15, 16, 17, 18), ilustra o aumento do conteúdo de ácido linoleico tecidos lipídicos durante o período de 1961 – 2008:




Até mesmo o conteúdo do ácido linoleico no leite materno aumentou significativamente (19). 
É um tanto assustador, não é? 

4.      A ingestão de ácido linoleico aumenta o estresse oxidativo e contribui para disfunções endoteliais: Por ter ligações duplas de carbono, o ácido linoleico é fonte de radicais livres, que em grande quantidade, causam estresse oxidativo (20). Além disso, estudos demonstraram (21) a redução de óxido nítrico, substância que ajuda na dilatação necessária para a manutenção da pressão sanguínea e para a saúde cardiovascular (22). O óxido nítrico é produzido pelo endotélio, a fina camada de células no interior dos vasos sanguíneos. O ácido linoleico também ativa processos inflamatórios no endotélio (23).A disfunção do endotélio é um dos primeiros sinais de problemas cardiovasculares(24).

5.      Aumentam a oxidação do LDL: LDL do inglês Low Density Lipoprotein, Lipoproteínas de Baixa Densidade. É a proteína que carrega o colesterol pela corrente sanguínea. Um dos passos cruciais para as doenças cardíacas é a oxidação dessas partículas (25). São estas partículas de LDL oxidado que se acumulam nas paredes das artérias. Ironicamente os óleos vegetais poli-insaturados são considerados saudáveis por baixar o nível de LDL, porém eles oxidam os mesmos, fazendo com que parte do LDL se transforme em ox LDL, este sim, comprovadamente entope as artérias (26).
6.      Aumento do risco de doenças cardíacas: As doenças do coração são a causa n.1 de mortes em todo o mundo. Muitos estudos foram feitos para detectar se os óleos poli-insaturados contribuem ou previnem doenças de coração. Embora se diga que óleos poli-insaturados previnam doenças cardíacas, é preciso distinguir entre aqueles ricos em ômega 3 e ricos em ômega 6. Óleos poli-insaturados com baixo nível de ômega 6, desde que não sejam submetidos ao calor, podem ajudar a prevenir doenças do coração, já os óleos poli-insaturados que contém ômega 6 em excesso, como é o caso dos óleos vegetais processados, contribuem para inflamação generalizada e problemas cardíacos (27).
7.      Podem aumentar o risco de câncer: Como vimos, seu alto conteúdo de radicais livres aumentam o estresse oxidativo, atuando principalmente nas membranas celulares, porém as reações moleculares ocorrem em cadeia podendo levar a danos em componentes intracelulares, inclusive mutação de proteínas, incluindo o DNA (28).  
8.      O consumo de óleos vegetais está relacionado a comportamentos violentos: Ácidos graxos essenciais são absolutamente necessários para a funcionamento cerebral. O cérebro é constituído por 80% de gordura, e grande parte dela, de 15 a 30% é de omega3 e ômega 6 (29). Como vimos, estes dois ácidos graxos competem pelos mesmas enzimas e locais celulares, sendo que o ômega 3 tem efeito anti-inflamatório e ômega 6 pró-inflamatório, portanto não é difícil perceber que o excesso de ômega 6 acabará causando reações inflamatórias nas células cerebrais e, como todos sabem, qualquer mudança neuronal acaba por afetar nosso comportamento. Estudos bem consistentes encontraram forte correlação entre o consumo de óleos vegetais e comportamentos violentos, incluindo homicídio (30). O gráfico mostra como o aumento do consumo de ômega 6 coincide com o aumento da taxa de homicídio em 5 países diferentes.
 



Não podemos afirmar que a ingestão de ômega 6 tenha causado essas elevadas taxas de homicídio, mas a correlação entre as estatísticas é impressionante!





9. “Alimentos” extremamente refinados com total ausência de nutrientes: Diferentemente dos óleos naturais, os óleos refinados são desprovidos de qualquer nutriente importante, vitaminas ou minerais. São calorias vazias.

          10.  Grande quantidade de gorduras trans: Ainda que não apareça nos rótulos, estes óleos comerciais contêm quantidades significativas da terrível gordura trans. Num estudo feito com óleo de soja e canola forma encontrados níveis que variavam entre 0,56 % até 4,2% dos ácidos graxos totais. Estes níveis são extremamente altos e preocupantes (31).

Margarina – óleo vegetal refinado hidrogenado

O óleo vegetal, submetido à uma elevada pressão e temperatura gera um creme semi-sólido, cinzento e de odor desagradável. Emulsificantes são acrescentados para dar uma textura mais suave e homogênea, e segue-se um processo para branquear e retirar o cheiro horrível. Após isso, são adicionados aromatizantes, vitaminas sintéticas e corante amarelo para lembrar a manteiga. A transformação está completa: de um creme industrial cinza e fétido, para um alimento saudável e aprovado pela associação de cardiologistas. Infelizmente a indústria realmente não se importa com a saúde dos consumidores e se importa muito com seu lucro. Portanto, se você quer evitar ingerir gordura vegetal hidrogenada, saiba que ela é um ingrediente utilizado basicamente em qualquer formulação alimentícia que venha em pacotes, como bolachas, biscoitos, batatas chips, salgadinhos, sorvetes, bolos, massas instantâneas, enfim, quase tudo que está nas prateleiras dos supermercados.

Óleo de Canola – Será que é saudável mesmo?