terça-feira, 28 de agosto de 2012

posfácio do Livro Infiltrações


Isso aqui é arte de cura. de alguém que está a procura.

E a sua procura (a sua poiésis, o seu fazer) já esboça, já escava,
 já deixa traços de luz na circunferência do planeta. Fez parte da sua procura, por exemplo,a escrita desses poemas. Mesmo que em algum momento ele se desinteresse por escrever, como ocorreu com Rimbaud.

Aqui, o espontâneo intento de escrever, do atuar sobre a linguagem naquele dado momento, de significar o Sutil à que ele estava exposto nos deixa exposto à uma Luz que raramente há no profissional da escrita, que não ocorre ao literato e nos variados poetas que a gente encontra pelas esquinas.

Aqui, na escrita do Pedro ( nesse momento da sua escrita ) está / esteve em jogo sua vida. Está em jogo a trajetória do Planeta, os passos de tartaruga da Humanidade. Como em todo grande poeta. Como em toda grande poesia. E como em todo poema que carrega um potencial de poesia. E esses poemas carregam. Como Rilke. Como Blake. Como Piva. Como Garcia Lorca.
Um conglomerado de forças. Feitiço contra a fragilidade do Mundo: o Ego. Cada poema aqui é como um composto de energia, um quantum, um pacote de energia direcionado à consciência do Ser, à consciência do Planeta, ao caroço das coisas: você, leitor, você...
sempre você.


Ou seja: na medida em que esses poemas do Pedro têm extensão em sua vida; na medida em que o Pedro é alguém que é verdadeiramente um poeta, alguém que tá interessado em FAZER (poiésis) POESIA e não só escrever poemas, vocês podem ter certeza que esses poemas hoje concretos e condensados à sua frente já foram uma experiência primeira de grandiosidade abstrata ( outra dimensão ) e hoje não são quase nada do que foram, quase nada.

O que eu digo é: elas não começaram no papel, na escrita, numa viagem via linguagem, como no poeta tradicional, que só conhece essa dimensão da poesia
( ou ainda a dimensão do intoxicar-se até morrer
com drogas, bebida, sexo, rock´n´roll na velhíssima
e conhecida Trindade, Santíssima Trindade dessa Sociedade ).

Começaram numa viagem de percepção, sensorial.
Como na meditação, na oração, no transe, na Alegria. Esses poemas são a sobra duma anterior orgia sensorial
(poesia) à qual o Pedro se submeteu naquele dado momento, naquela dada noite, naquele dado dia. E se submeteu não necessariamente pra escrever poemas, mas pra melhorar como ser humano; é um projeto de vida; & se ele foi generoso em nos revelar esses poemas, devemos é ser gratos à ele, como à todo grande poeta, nós devemos ser gratos.

Então, ele é poeta...ele faz poesia muito antes de escrever poemas.
Mas como grande poeta que é (é sempre bom lembrar ), não é negligente no trato com as palavras;
ele sabe ser um intelectual quando é preciso ser,
 tem consciência de Linguagem pra poder significar bem sua poesia,
 a poesia da sua Consciência.

Não é por ser cavalo pra manifestação da Poesia no dia-a-dia que ele vai ser ingênuo em relação ao saber poético.
Ele não é ingênuo em relação ao trabalho concreto com a linguagem & com as palavras. Ele sabe utilizá-las.
Com lucidez, sabe do poder que as palavras tem quando poetizadas, estruturadas, insufladas de energia; a diferença é que, sendo verdadeiramente poeta, ele não dá valor desnecessário a esse processo. Ele é justo. & grato.

Ele não confunde o dedo com a Lua quando a Linguagem lhe aponta cotidianamente a Lua (na noite estrelada do Espírito).

Enfim, leiam. Leiam esses poemas. Percebam como é bonito quando
a gente vê manifestar-se por aqui o Sagrado. Essa É uma Arte Objetiva. Aqui se manifesta o Verbo da nossa Voz, a Voz da nossa Vida. Reconheçam a grandiosidade da experiência que ele está vivendo.
É isso. & Boa-Sorte, Até Mais, Pedro. Tá Junto, Tá Junto, irmão:

Paulo Rafael de Aguiar Godoi
Julho/2008


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